AVISO DE COOKIES: Este blog segue a politica de privacidade do Google. Caso não concorde com a política do Google, por favor, SAIA DO BLOG; pois assim seus dados não serão usados por cookies. Grato pela atenção.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Mandrágora (Folclore)


Na imagem um homem amarra uma corda no pescoço de seu cão e outro a planta para poder extraí-la do solo. Ilustração do manuscrito Tacuinum Sanitatis, século XV.

Fonte da imagem: Wikipédia
 
 
A raiz da mandrágora tem coloração castanha e pode atingir a impressionante marca de um metro de profundidade. Sua forma é antropomórfica (possui ramificações que lhe dão uma certa semelhança humana, aparentando ter um tronco, pernas e até mesmo com muita imaginação uma cabeça e órgão genital) e possui inúmeras propriedades terapêuticas, e por isso, possivelmente, os antigos acreditavam que essa planta era, de uma certa forma, mágica e meio-humana.

Na antigüidade, assim como na idade média, aparecem livros e pergaminhos, mostrando a raiz da mandrágora com forma humana: um homem com uma longa barba e uma mulher de longos cabelos ou, ainda, como um ser humanóide. Plínio, o velho; dizia que havia duas espécies de mandrágoras: o macho, cuja raiz é branca e a fêmea, cuja raiz é negra.

Dioscorides (em De Materia Medica, início do século 7) diz que a fêmea é chamada Tridakias e o macho, Morrião; mas isso não corresponde a realidade, já que raiz da mandrágora não é dióica.

A raiz era usada como ingrediente nas poções do amor e bruxas faziam sexo com a raiz da mandrágora, nisso nascia um ser humano normal, só que sem alma, sentimentos e que nunca amaria ninguém. No folclore anglo-saxão, era dito que podia expulsar demônios do corpo (nos casos de possessão demoníaca) e afastar todo o mal, da pessoa, quando desidratada e usada como amuleto. 

Outra lenda dizia de demônios que viviam em suas raízes. Diziam, ainda, que a mandrágora nascia no local onde havia sido enforcado um homem, pois acreditavam que por ter o pescoço quebrado, o morto ejaculava, e onde caía seu sêmen, nasciam mandrágoras; sendo, o sêmen, a semente da mandrágora. Acreditavam, também, que a mandrágora trazia fertilidade, sendo usados seus frutos para se obter uma criança, como aparece no capítulo 30 do Gênesis, na qual, supostamente, os antigos acreditavam que esta planta deixava a mulher fértil.

 
Ritual para retirá-la do solo

Teofrasto diz que para ser colhida, deve-se desenhar três círculos com uma faca em torno dela, olhar para o nascente e recitar encantamentos.

Plínio diz o contrário: deve-se fazer três círculos em volta dela com uma espada e olhar para o poente.

Outra tradição, mais tardia, diz que a mandrágora gritaria quando arrancada do solo. Esta dava seu grito de dor, pois estavam lhe tirando a vida, tirando de seu conforto no solo, como se tirassem um bebê de sua mãe. Ela é uma planta e toda a planta arrancada da terra, morre.  O mesmo acontecia com a mandrágora; mas por ser meio-humana, gritava de dor.

Contudo o seu grito era mágico e fatal, e todos que ouviam seu grito de dor, morriam.

“Esta raiz tem um enorme poder mágico, mesmo sendo um cachorro a arrancá-la, ele ainda assim morrerá.”

Herbarius Apuleia, 1481

O manuscrito de Discorides, do ano de 520, mostra uma ilustração, na qual há uma mandrágora presa por uma corda atada no pescoço de um cão morto, caído, com a boca aberta.

 
Paracelso, também, diz para se ter precauções à colher a planta, pois se for feito de maneira incorreta o ritual, a pessoa pode ficar amaldiçoada ou ser assolada por terríveis calamidades.

 
O único jeito de arrancá-la do solo, sem morrer, era numa noite de lua cheia. Atava-se uma ponta da corda no pescoço de um cão preto, e a outra na mandrágora. Não davam nada de comer ao cão, que ficava faminto. Nisso ficavam a uma longa distância, com os ouvidos tapados com cera. Logo depois chamavam o cão com um prato de comida, e este, louco de fome, corria em direção aos seus senhores, no momento em que avançava com força, a mandrágora era arrancada, soltando um grito ensurdecedor e insuportável, matando assim o cachorro, e seus mestres ao longe estavam com os ouvidos obstruídos de cera.

Depois era pega, lavada e usada nos mais diversos fins, como: amuletos, ingredientes para poções... A mandrágora trazia ao seu mestre prosperidade, abundância e fertilidade. Era, finalmente, vendida por um preço bem caro, pois o risco para colhê-la a tornava rara.


 
Explicações para as lendas

Possivelmente, pelas inúmeras propriedades terapêuticas que a mandrágora possui, ela foi quase endeusada, e foi associada à magia pelos inúmeros benefícios que ela trazia. Era usada nas poções de amor, pois é uma planta afrodisíaca, e, supostamente, acreditavam que ela podia levar ao amor, já que o sexo está ligado à paixão. Sem contar que as propriedades altamente químicas dela levavam o seu usuário a ter alucinações e sonhos estranhos.


Pode ter sido associado à bruxaria por causa dos delírios que ela causava; e por ter certa semelhança humana, foi dita que gritaria quando a arrancassem, que havia raízes dos dois sexos...

Por ser uma planta de inúmeras propriedades químicas, benéficas e maléficas; além da sua raiz aparentar, para as mentes mais férteis, uma certa aparência humana; não é a toa que o homem antigo, acostumado com seus ritos pagãos, a tenha a divinizado.


 
Fontes de pesquisa: 

1. Wikipédia em francês, artigo: Mandrake. www.wikipedia.com
2. Wikipédia em português, artigo: mandrágora e alraune; 
4.Allan e Elizabeth Kronzek, O Manual do Bruxo, editora Sextante; 
5.Aurélio Buarque de Holanda, dicionário de língua portuguesa, editora Nova Fronteira; 
6. Jorge Luis Borges, O Livro dos Seres Imaginários, editora Companhia Das Letras, 2007, São Paulo, Brasil; 
7. Enciclopédia Delta Universal, ano? Editora?
8.  http://www.kerigmadidaque.net/mandragora.htm
9. Bíblia Sagrada, tradução da CNBB; editoras: Loyola, Ave-Maria, Paulinas, Paulus, Santuário, Salesiana e Vozes; 2ª edição; São Paulo; 2002.