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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Cu Chulainn: O Semi-Deus Celta

Cu Chulainn [pronuncia-se: curulin ou quirilain] (também escrito: Cú Chulainn, Cúchulainn, Cuchulain, Cú Ċulainn, Cúchullain, Cuchulain, Cuchulainn ou Cú Chulaind) é um herói e semideus da mitologia celta irlandesa, que aparece nas histórias do Ciclo de Ulster, bem como no folclore da Escócia e de Manx (Ilha de Man). É filho do deus Lug e Deichtine (irmã de Conchobar mac Nessa). Foi chamado no início de Setanta.

Ele ganhou seu nome mais conhecido (Cu Chulainn) quando era criança depois de ter matado o feroz cão de guarda de Culann para se defender, e se ofereceu para substituí-lo até que encontrasse um outro cão.

Na idade de dezessete anos, ele defendeu Ulster sozinho contra os exércitos da rainha de Connacht, Medb, no épico Tain Bó Cúailnge ("O Roubo do Gado de Cooley"). Foi profetizado que seus grandes feitos lhe dariam fama eterna, mas que sua vida seria curta.

Ele era conhecido por seu impulso e potência na batalha, o que fazia com ele assumisse uma forma de fúria no rosto e nos músculos, semelhante, talvez, a um cão, no qual se tornava um monstro irreconhecível. Em alguns aspectos Cu Chullain se assemelha com o herói grego Aquiles, mas diferente deste, ele tinha muitos poderes sobrenaturais, um deles era a capacidade de cuspir fogo.

Ele luta em cima de sua biga, guiada por seu cocheiro Laeg Fiel, e puxada por seus cavalos, Liath Macha e Dub Sainglend. Em tempos modernos, Cu Chulainn é chamado de o "Cão de Ulster".


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Índice:

Nascimento
Infância
Juventude

  • Cu Chulainn e Emer
  • Lugaid e Derbforgaill 
  • No Tain (O Roubo do Gado de Cooley) 
  • Cu Chullainn na festa de Bricriu 
  • Fand


Morte

Observações

  • O herói bissexual
  • Aparência
  • O mito convertido


Notas

Leituras adicionais

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Nascimento

Há uma série de versões sobre a história do nascimento de Cu Chulainn. Na versão mais antiga do Compert C (h) em Culainn ("A Concepção de Cu Chulainn"), sua mãe é Deichtine e esta acompanha o cocheiro de Conchobar mac Nessa, rei de Ulster, e outros nobres de Ulster, na caçada de pássaros mágicos.

A neve, então, começa a cair intensamente, e eles são forçados a parar e a buscar abrigo. Encontram uma casa e são bem recebidos pelo dono da casa e sua esposa. Lá a esposa, do dono, dá a luz a uma criança, ao passo que ao mesmo tempo uma égua dá a luz a duas crias. Na manhã seguinte a casa e seus ocupantes tinham desaparecido, somente o bebê e os potros é que não somem. Deichtine leva o menino para casa e o cuida, mas ele fica doente e morre.

O deus Lug aparece para ela e lhe diz que era o dono da casa, e que colocou seu filho, que havia morrido, no ventre dela, e quando ele nascesse, ela deveria chamá-lo de Setanta. Sua gravidez seria um escândalo, pois ela era noiva de Sualtam mac Róich; e um dos nobres, e o cocheiro, seriam acusados de terem tido relação com com ela, assim um deles deveria de ser o pai. Deichtine aborta, então, a criança. Depois de casada, ela concebe um filho a quem ela chama de Setanta.

Na versão posterior, e mais conhecida, chamada de Con Compert Culainn, Deichtine é irmã de Conchobar, e desaparece de Emain Macha, capital de Ulster. Como na versão anterior, os nobres de Ulster tinham ido caçar um bando de pássaros mágicos, e são surpreendidos por uma tempestade de neve e procuram abrigo em uma casa nas proximidades. O anfitrião deles é Lug, mas desta vez sua esposa, que dá a luz à um filho, à noite, é a própria Deichtine. A criança é chamada, então, de Setanta.


Os nobres de Ulster discutem  sobre qual deve ser o pai adotivo do garoto, o sábio Morann decide que todos que ali estão deverão ser pais de Setanta. Conchobar é um de seus pais; assim como Sencha mac Ailella, que vai ensinar a ele prudência e retórica; Blai ricos Briugu, irá protegê-lo; o nobre guerreiro Róich Fergus mac, vai cuidar dele e ensiná-lo a proteger os mais fracos; e o poeta Amergin, vai educá-lo, e sua esposa Findchóem vai cuidar dele. Ele será educado na casa de Amergin e Findchóem, em Muirthemne, Planície em County Louth, ao lado de seu filho Conall.


Infância

As histórias envolvendo a infância de Cu Chulainn são contadas numa seqüência de recordações em Tain Bó Cúailnge. Quando criança, morava na casa de seus pais adotivos em Muirthemne. Certa feita, ele pede permissão para ser um garoto de tropa em Emain Macha.

No entanto, ele sai sozinho, e quando chega em Emain, ele corre para o campo de jogos, sem pedir proteção para os outros meninos (espécie de tradição celta), ele desconhecia o costume. Os garotos tomam essa atitude como um desafio e o atacam, nisso Setanta tem um ríastrad (um tipo de frenesi furioso, que faz com que o guerreiro assuma uma forma terrificante e de extraordinária força) e surra os garotos. Conchobar põe fim à luta e continuam os jogos. Setanta fica chateado na sua participação nos jogos, e corre atrás dos outros garotos exigindo para eles se colocarem sob sua proteção.

Culann Smith, convida Conchobar para uma festa em sua casa. Antes de ir, Conchobar, vai para o campo de jogos ver os meninos jogar hurling. Ele se impressiona tanto com o desempenho Setanta, que pede ao garoto para se juntar a ele na festa. Setanta tinha um jogo para terminar, mas prometeu seguir o rei mais tarde.

Conchobar, no entanto, esquece que o garoto ia até a casa de Culann, e este solta seu feroz cão para protegê-la. Quando Setanta chega, o enorme cão o ataca, mas ele o mata para se defender. Culann fica inconsolável pela perda de seu cão, assim Setanta promete que vai atrás de um outro cão para substituí-lo, e até que seja velho o suficiente para fazer o trabalho, ele próprio guardará a casa de Culann. O druida Cathbad anuncia que o seu nome, doravante, será Cu Chulainn (que significa: Cão de Culann).

Um dia, Cu Chulainn ouve Cathbad dizer que o guerreiro que pegasse em armas naquele dia seria famoso por toda a eternidade. Cu Chulainn, embora tendo apenas sete anos de idade, vai até Conchobar e pede armas. Nenhuma das armas dadas a ele resistiram por causa de sua força, até que Conchobar lhe dá as suas próprias armas.
Quando Cathbad descobre isso se entristece, pois ele não havia terminado sua profecia: “o guerreiro que pegasse em armas naquele dia seria famoso, mas sua vida seria curta.”


Juventude

Logo depois, em resposta a uma profecia semelhante por Cathbad, Cu Chulainn exige uma carruagem de Conchobar, e só a própria carruagem do rei resiste a sua força. Ele embarca em uma incursão e mata os três filhos de Nechtan Cena, que se gabavam de terem matado muitos guerreiros de Ulster.

Ele retorna a Emain Macha no seu frenesi de batalha, e os homens de Ulster estavam com medo que ele fosse matar a todos. Eles colocam Cu Chulainn dentro de um barril de água fria para ele se acalmar, mas o barril explode devido o calor de seu corpo. Eles então colocam-no em um segundo barril de água gelada, este ferve. Por último colocam-no num terceiro barril e a água deste fica morna.


Cu Chulainn e Emer

Quando jovem ele era muito bonito e sedutor e a preocupação dos guerreiros de Ulster é que, sem uma mulher fixa, ele acabasse por roubar suas esposas e arruinar suas filhas. Assim sendo, eles procuram por toda a Irlanda uma mulher adequada para ele, porém ele não quis nenhuma a não ser Emer, filha de Forgall Monach. No entanto, Forgall opõe-se à dar a filha ao semideus.

Ele sugere que Cu Chulainn deve ser educado pela famosa guerreira Scathach, na terra de Alba (Escócia), esperando que o herói não resista às suas provas e aos seus combates. Cu Chulainn aceita o desafio. Entretanto, Forgall oferece Emer à Lugaid Nóis mac, rei de Munster, mas quando ele ouve que Emer ama Cu Chulainn, Lugaid a recusa.

Scathach ensina a Cu Chulainn todas as artes da guerra, incluindo o uso da Bulg Gae, uma terrível lança farpada, lançada com o pé. Um de seus colegas era Ferdiad, que vem a se tornar seu melhor amigo e irmão adotivo. Durante seu tempo lá, Scathach enfrenta uma batalha contra Aife, sua rival e, em algumas versões, sua irmã gêmea.

Scathach, sabendo da proeza de Aife, teme pela vida de Cu Chulainn e lhe dá uma poção poderosa para dormir para mantê-lo fora da batalha. No entanto, devido à grande força Cu Chulainn, ela só o coloca para dormir por uma hora, e ele logo se junta a batalha. Ele luta com Aife em um único combate, e os dois estão empatados, mas Cu Chulainn a distrai e consegue a empurrá-la até um penhasco, quando ela cai, ele a assegura e promete poupar sua vida com uma condição: ela parará de importunar Scathach e dará a Cu Chulainn um filho. Aife aceita.

Deixando Aife grávida, Cú Chulainn retorna da Escócia totalmente treinado e vitorioso, mas Forgall ainda se recusa a deixá-lo se casar com Emer. Cu Chulainn se revolta, entra no castelo matando 24 homens de Forgall, mata este, rouba seu tesouro e leva embora Emer.

O rei Conchobar tem o "direito da primeira noite" sobre todos os casamentos de seus súditos. Ele fica com medo da reação de Cu Chulainn, porém se ele não fizesse isso perderia sua autoridade. Cathbad sugere uma solução: Conchobar dorme com Emer na noite do casamento, mas Cathbad dorme entre eles.

Anos mais tarde, Connla, filho de Cu Chulainn com Aife, vem para a Irlanda em busca de seu pai, contudo Cu Chulainn o vê como intruso e o mata, quando este se recusa a se identificar. As últimas palavras de Connla para seu pai foram: “poderíamos ter carregado a bandeira de Ulster até as portas de roma, e quem sabe teríamos ido mais longe”. Isso deixa Cu Chulainn magoado e aflido, ele matara o filho. A história de Cu Chulainn e Connla é semelhante a notável lenda do herói persa Rostam, que também mata o seu filho, Sohrab. Rostam e Cu Chulainn possuem muitas características em comum, incluindo a morte de um animal feroz quando jovens.


Lugaid e Derbforgaill

Durante seu tempo no exterior, Cu Chulainn resgata Derbforgaill, uma princesa da Escandinávia, que seria sacrificada pelos Fomorianos.

Ela se apaixona por ele, e ela e sua serva vão para a Irlanda em busca dele na forma de dois cisnes. Cu Chulainn, não sabendo que se tratava de Derbforgaill, a atira com seu estilingue, e, em seguida, salva sua vida sugando a pedra de seu corpo. Tendo provado seu sangue, ele não pode se casar com ela, e lhe dá a seu filho adotivo nDerg RIAB Lugaid.

Lugaid se torna o rei de toda a irlanda, tendo Derbforgaill como esposa. Porém Derbforgaill é morta pelas mulheres de Ulster, pelo fato dela ser linda, e desejada pelos homens. Lugaid morre de tristeza, e Cu Chulainn se vinga delas, demolindo suas casas e matando 150 mulheres que estavam dentro dessas.


No Tain (O Roubo do Gado de Cooley)

Na idade de dezessete anos, Cu Chulainn defende, sozinho, Ulster do exército de Connacht em Cúailnge Tain Bo (O Roubo do Gado de Cooley), também chamado de Tain. Medb, rainha de Connacht, armou a invasão para roubar o touro Donn Cúailnge stud. A distração de Cu Chulainn permite a Medb tomar Ulster de surpresa, pois o herói estava com uma mulher, quando deveria estar vigiando a fronteira. Os homens de Ulster não podem pegar em armas por causa da maldição de Macha (deusa celta) que foi humilhada por estes, quando estava grávida.  O único capaz de lutar é Cu Chulainn que consegue impedir a avanço dos exércitos de Medb.

Antes da luta, uma linda jovem vem até ele, alegando ser filha de um rei, e lhe oferece o seu amor, mas ele a recusa. A mulher revela ser Morrígan (deusa celta da guerra e da morte), e em vingança por esta ofensa, ela o ataca sob três formas de animais, enquanto ele se dedica à luta, contra Mofemis Loch mac. Aparece à ele sob a forma de uma enguia, de um lobo e de uma bezerra, na qual o herói sempre a fere.

Depois que Cu Chulainn derrota Loch, Morrígan aparece para ele como uma anciã, toda machucada, ordenhando uma vaca. Ela lhe dá três canecas de leite, e cada vez que ele termina de tomar o leite, da caneca, ele a abençoa, assim Morrígan se cura de seus três ferimentos infligidos pelo semideus. Depois de uma árdua luta, Cu Chulainn fica gravimente ferido, aí ele é visitado pelo deus Lug, que diz ser seu pai e cura suas feridas.

Quando se acorda, depois de curado, volta com força total, ele tem um ríastrad, matando centenas de homens. Quando seu pai adotivo, Fergus Róich mac, que estava no exílio na corte de Medb, é enviado para enfrentá-lo; Cu Chulainn concorda em ceder, desde que Fergus concorde em devolver o favor na próxima vez que eles se encontrarem. Finalmente, Cu Chulainn luta contra Ferdiad, seu melhor amigo e irmão adotivo, num duelo cansativo de três dias, do qual acaba matando-o.

O Ulster resiste e a batalha final começa, Cu Chulainn permanece à margem da luta se recuperando de suas feridas, até que vê Fergus avançar. Ele entra na briga e confronta Fergus, que se mantém resistente. O pânico toma conta dos soldados de Connacht e de seus aliados, e a rainha Medb é forçada a recuar. Neste momento, inoportuno, Medb fica menstruada, e apesar de Fergus fazer guarda ao seu redor, Cu Chulainn entende-a e não a ataca.


Cu Chullainn na festa de Bricriu

O encrenqueiro Bricriu certa vez incitou três heróis, Cú Chulainn, Conall Cernach e Lóegaire Búadach, para competirem num jogo em sua festa. Em todos os testes que é submetido Cu Chulainn se sai bem, porém Conall  e Lóegaire não aceitam o resultado.

Cu Roi Daire mac manda Connall, Lóegaire e Cu Chulainn decapitarem-no, sendo que depois será a vez dele os decapitar. Connall e Lóegaire assim cortam a cabeça de Cu Roi, este então pega a cabeça de volta e a repõe no lugar, mas quando chega a vez de Connall e Lóegaire, eles fogem. Somente Cu Chullainn é corajoso o suficiente em decapitá-lo e aceitar que Cu Roi o decapite.

Cu Roi o poupa e ele é declarado campeão. Este desafio de decapitação aparece mais tarde na literatura inglesa como no poema medieval: Sir Gawain e o Cavaleiro Verde. Logo após isso, Cu Roi, disfarçado, junta-se ao reino Ulster em um ataque a Inis Fer Falga (provavelmente na ilha de Man). Eles roubam o tesouro, e raptam Blathnát, filha do rei da ilha, que se apaixona por Cu Chulainn. Mas quando Cu Roi é solicitado a escolher a sua parte, ele escolhe Blathnát. Cu Chulainn tenta impedi-lo de tomá-la, mas Cu Roi tinha uma força terrível, e, por causa desta, consegue escapar.

Assim como outros heróis; como o bíblico Sansão, Duryodhana no Mahabharata e os galeses Llew Llaw Gyffes; Cu Roi só pode ser morto se for cortado seus cabelos. Blathnat descobre como matá-lo, corta os cabelos de Cu Roi e causa sua morte. No entanto Ferchertne, poeta de Cu Roi, enfurecido com a traição de Blathnat para com seu senhor, pega-a e pula com ela de um penhasco, levando à sua própria morte e a dela.


Fand

Cu Chulainn tinha muitas amantes, mas Emer sente  ciúmes mesmo quando Cu Chulainn se apaixona por Fand, esposa de Manannán mac Lir, este havia deixado dela. Tempos depois, ela foi atacada por três Fomorianos que queriam controlar o Mar da Irlanda. Cu Chulainn concorda em ajudá-la, mas somente se ela se casar com ele. Ela concorda, pois havia se apaixonado pelo herói.

Nisso, Mannanán sabe que Fand por ser uma fada não poderia se relacionar com um mortal, Cu Chulainn, sendo que a presença de Cu Chulainn destruiria as fadas. Ao passo que Emer tenta matar Fand, mas desiste quando vê que Cu Chulainn ama Fand com tamanha intensidade. Emer, então desiste de tentar recuperar o marido, agora nos braços de Fand.

Fand sentida com o tormento que causara à Emer, e vendo que ela, realmente, merecia Cu Chulainn, o abandona e volta para seu marido, Mannanan. Mannanan joga sua capa mágica sobre Fand e Cu Chulainn, e eles se esquecem um do outro. Emer e Cu Chulainn tomam uma poção do esquecimento, e tudo que passou é esquecido.



Morte

Medb conspirava junto com Lugaid, filho de Cu Roi, um plano para matar Cu Chulainn. O destino do herói é selado pelo rompimento do GESAA (tabu) que proibia o semideus de comer carne de cachorro. Porém havia na Irlanda uma espécie de tradição, na qual não se devia recusar comida quando se era visita numa casa, questão de hospitalidade. Uma velha lhe dá, então, carne de cachorro e Cu Chulainn é obrigado a comer, quebrando assim o GESAA. A partir daí o herói fica espiritualmente enfraquecido, tendo em vista que deverá lutar em seguida.

Lugaid com três lanças mágicas derrota Cu Chulainn. Com a primeira ele mata o cocheiro de Cu Chulainn; com a segunda mata o seu cavalo, Liath Macha, e com a terceira atinge o semideus.

Cu Chulainn se amarra numa pedra para continuar lutando, já fraco e sentindo a morte chegar. Os inimigos só crêem que ele havia morrido depois que vêem um corvo em seu ombro, este corvo era Morrigan, deusa da morte. Porém, o episódio em que Cu Chulainn está morrendo amarrado a um pilar, ao mesmo tempo em que luta contra seus oponentes, não vem do Tain, mas de uma história posterior. Na versão original, tradição oral incorporada no Tain, Cu Chulainn morre por causa dos ferimentos sofridos durante seu duelo final com Ferdiad.

Lugaid vai até o corpo de Cu Chulainn e corta sua cabeça, mas sua espada cai de sua mão, decepando-a.

Conall Cernach tinha jurado a Cu Chulainn que se o semideus morresse antes dele, ele iria se vingar do assassino do herói. E quando vê que Cu Chulainn está morto, ele persegue Lugaid. Como Lugaid perdeu uma das mãos, Conall luta com ele apenas com de suas mãos. Por fim Connall abate Lugaid.

Mais tarde, o fantasma de Cu Chulainn apareceu para o rei Lóegaire, que São Patrício tentava converter ao cristianismo. O herói aparece em cima de seu carro, advertindo-o sobre os tormentos do inferno.


Observações


O herói bissexual

Segundo alguns especialistas contemporâneos, a relação de Cu Chulainn e Ferdiad é tida como bissexual, pois quando são forçados a lutar entre si, Cuchulainn diz: “Não deveria ser tu, Ferdiad! Nós não passamos por tantos desafios quando éramos educados por Scathach? Não éramos companheiros na diversão e na guerra? Não podemos apenas partilhar uma cama e um profundo sono?”[1]

Ferdiad responde: “és um grande homem Cuchulainn, e teus feitos são maravilhosos. Apesar de termos estudado a poesia e a ciências juntos, e de ouvir de você sobre nossos atos de amizade; infelizmente não posso fazer isso, terei que te ferir. Eu te ordeno, não te imploro, que não se esqueça o quantos fomos parceiros.”[2]

Os dois então começam a lutar e as primeiras gotas de sangue começam a surgir. E após um longo combate Ferdiad pedi para que parassem e Cuchulainn concorda, os dois se abraçam e se beijam por três vezes, vão cada um para um lado descançar.[3]

No outro dia eles lutaram até o por do sol, já desgastados e feridos, eles abandonam suas armas e: “... eles se beijaram como antes, e como antes eles compartilharam todas as coisas à noite, e dormiram tranqüilamente até de manhã.”[4]

No terceiro dia de combate, Ferdiad tinha um olhar estranho e apagado, e Cuchulainn o repreendeu por ter saído da batalha para ir ao encontro de uma linda jovem, chamada Findabair, que Madb tinha oferecido para o campeão. Os dois a partir daí se separam com aflição e tristeza, sendo que não mais dormiam juntos, a paixão deles já havia subido para uma severidade implacável.[5]

No quarto dia da luta contra Ferdiad, Cuchulainn acabou matando-o, com muito esforço; Cuchulainn o mata com sua lança misteriosa, Gae Bulg, perfurando esta no ânus de Ferdiad.[6]

Cu Chulainn enfrenta Ferdiad com dificuldade, o vence, e na tradição original do Tain, Cu Chulainn morre por causa dos ferimentos sérios que Ferdiad o causara.

Há uma certa semelhança entre o mito de Cu Chulainn em relação ao de Aquiles, da qual, também, o herói se enamora por seu amigo, Patróclo. Porém muitos interpretaram de uma outra forma a relação de Cu Chulainn e Ferdiad, mostrando o preconceito imposto pelo cristianismo na Irlanda celta, já que comentadores gregos e romanos pré-cristãos, que conheceram os celtas antes do domínio romano-cristão, afirmavam que era comum entre os celtas a pederastia e a relação homossexual.

Peter Chicheri escreve em seu livro, Celtic Sexuality (literalmente: A Sexualidade Celta), que a paixão e o afeto homossexual foi severamente punido na cultura celta, devido a influência do cristianismo, e que qualquer relação sexual não reprodutiva foi expurgada dos contos da mitologia celta. O que leva a crer que na Irlanda celta pré-cristã não havia homofobia, assim como na Grécia pré-cristã.

Mesmo Cuchulainn tendo esse, suposto, relacionamento com Ferdiad, é notável que se realmente a lenda mostre esse relacionamento, ambos, tanto Cuchulainn quanto Ferdiad apresentam comportamento bissexual, e não homossexual, sendo este último exclusivamente voltado ao sexo oposto.

Cuchulainn é descrito como lindo, sedutor e mulherengo, nota-se isso quando ele exige um filho, e se enamora, da guerreira Aife, e quando os guerreiros de Ulster temem que ele acasale com suas mulheres e arruine suas filhas.

E por causa disso vão atrás duma moça para segurar o garanhão, aí encontram Emer que se casa com ele, mas como todo o garanhão ele tem diversas amantes. Por isso, se apaixona pela deusa Fand, mas acaba ficando com Emer. Até a deusa Morrígan se interressa pelo moço, mas este nada quer com ela, pois estava numa guerra. Embora sendo descrito como um lindo jovem femeeiro, ele tem apenas um único filho, Connla, que acaba matando por representar ameaça e por não identificar-se.

É notavel também que Cuchulain mostra o arquétipo do homem héterossexual com grandes níveis de testosterona, como: ser femeeiro; ser forte e viril; dar grande importância aos jogos, como ocorre na infância do herói quando vai para Emain Macha para ser um garoto de tropa e mostrando por fim a coragem do homem celta: um guerreiro que luta até a morte.

Diodoro da Sicília no primeiro século a.C. (Bibliotheca Historica 5:32), escreveu que as mulheres celtas eram bonitas, mas que os homens preferiam dormir juntos. Diodorus went further, stating that "the young men will offer themselves to strangers and are insulted if the offer is refused". Diodoro foi mais longe, afirmando que "os jovens vão se oferecer à estranhos e ficam insultados se a proposta for recusada". Rankin argues that the ultimate source of these assertions is likely to be and speculates that these authors may be recording male "bonding rituals". Rankin afirma que isso poderia ser um "ritual de ligação" [7].

Aparência

É descrito como um jovem, leve, pueril e imberbe. Esta última característica é descrita quando Loch vai lutar com Cuchulain, em que o semideus lambusa seu rosto de suco de amora a fim de simular uma barba, pois tinha medo que Loch o debochasse, porque na verdade estava lutando com um menino e não com um homem.

É, também, descrito ora sendo moreno de cabelo preto, ora como loiro de pele clara ou bronzeada. Mas possivelmente é loiro, pois só o suco de amora na face já aponta uma tendência a essa aparência, sem contar que os celtas eram um povo de loiros e ruivos.


O mito convertido

Como toda lenda celta, recolhida pelos monges cristãos, a figura de Cu Chulainn acabou convertida aos valores de “Deus”, assim como o povo celta que adotou a nova religião. Contudo o que os cristãos não poderam combater, converteram para o cristianismo, assim surgiu: São Brandão, Santa Brígida e outros personagens celtas que acabaram como Cu Chulainn dizendo que o inferno era terrível, mas na realidade os celtas não acreditavam num inferno de tormento, mas sim num mundo dos mortos calmo e passível.

Esse texto vem da Wikipédia em língua inglesa, e foi traduzido, adaptado e modificado especialmente para o português, artigo em inglês: Cú Chulainn.



Notas

[1][2][3][4][5]Mitos e Lendas da Raça Celta (1911), Thomas Rolleston.




Leituras adicionais

* Quintino, Claudio Crow. O Livro da Mitologia Celta_Vivenciando Deuses e Deusas Ancestrais. São Paulo, 2002. Editora Hi-Brasil.

* Enciclopédia Delta Universal. Ano? Editora? Verbete: Mitologia_Mitologia Celta.


* Wikipédia em língua inglesa_Artigo: Cúailnge Tain Bó

* Rolleston, Thomas. Mitos e Lendas da Raça Celta (1911) no site http://www.sacred-texts.com/neu/celt/index.htm