Vou contar uma história verídica que aconteceu numa cidade do Rio Grande do Sul, contudo os nomes serão alterados para não prejudicar os familiares e os envolvidos na história.
Doutor Alfredo Schneider foi um dos neurologistas mais
geniais da região e talvez do estado, sua fama como médico genial começou
quando decidiu tirar dois dedos (o anelar e o mindinho) da mão esquerda para
poder enfiar os outros dois (o indicador e o dedo do meio) nas cirurgias intracranianas
e que envolvem manuseio no cérebro. Ele tirou esses dois dedos para facilitar a
manipulação do indicador e o dedo do meio na cirurgia. Sem contar a dedicação e
inteligência desse médico.
Dr. Alfredo salvou muitas vidas, as que não conseguiu salvar,
prolongou. Tamanha dedicação e interesse fizeram desse médico o gênio da
neurologia no Rio Grande do Sul.
Alfredo tinha um filho, Guilherme Schneider, que desde
pequeno acompanhava o pai e decidiu ser neurologista também. Se tornou o doutor
neurologista Guilherme Schneider, que tudo indicava que viria a suceder seu pai
no ramo da neurologia. Dr. Guilherme Schneider tinha a mesma capacidade do pai,
só que era mais educado e atencioso com os pacientes, coisa que muitos
pacientes do Alfredo Schneider se queixavam.
Dr. Guilherme Schneider era casado com a médica Agnes Vidal.
Eram felizes e Guilherme era muito apaixonado pela esposa. Até que a esposa com tonturas e dores de cabeça acabou sendo
diagnosticada com um câncer no cérebro. Havia chances de melhora e cura. Dr. Guilherme
e seu pai Dr. Alfredo Schneider juntos eram os melhores da região sul e
poderiam salvá-la, eles iriam salvá-la...
Juntos pai e filho operaram a nora e esposa, mas o câncer
estava numa região que se fosse cortada a mataria na hora. Decidiram fechar a
cabeça dela e prolongar a vida com quimio e radioterapia. Mas a doença a matou
no final, nada a medicina pode fazer.
Dr. Guilherme Schneider sofreu muito, mas se recuperou e
casou de novo com uma empresária também chamada Agnes. Dois anos depois a depressão
lhe corruía por dentro, nem todo o saber da neurologia e da ciência o fazia
entender. Guilherme se matou em seguida com um tiro na cabeça. As pessoas
contam que a segunda esposa estava traindo ele com um garoto bem mais novo e
que a última cirurgia que ele fizera teria sido um desastre, esquecendo o
bisturi dentro do paciente e deixando o mesmo aberto. No dia seguinte Guilherme
se matou.
O pai, o melhor neurologista, o filho seria o segundo
melhor, a mulher do filho com um câncer na cabeça intratável e o filho que não soube
superar a perda da esposa e não conseguira mais lidar com a própria profissão.
Embora que possa parecer chocante essa história e trágica,
tem uma moral: os médicos às vezes deixam de se cuidar, ou querem faturar muito
dinheiro e por fim ninguém leva nada. Outra é que tem coisas que não podem ser
controladas e outras que não devem e não podem ser mudadas!