Notícia copiada do site: Último Segundo IG
Instituição de Estocolmo realiza esforço para
apagar as fronteiras de gênero e consolidar oportunidades para homens e
mulheres
Em uma
pré-escola no centro antigo de Estocolmo, os professores evitam utilizar
pronomes pessoais como "ele" e "ela" e simplesmente chamam
seus 115 alunos de "colegas". Referências masculinas e femininas são
um tabu, geralmente substituídas pelo pronome “hen” ou ("galinha", em
tradução literal), uma palavra que em sueco soa artificial e sem gênero e que a
maioria dos suecos evita, mas é popular em alguns círculos homossexuais e
feministas.
Na
biblioteca, com suas almofadas onde as crianças se sentam para escutar
histórias, há poucos clássicos de contos de fadas, como "Cinderela"
ou "Branca de Neve", com seus pesados estereótipos masculinos e
femininos, no entanto existem muitas histórias que lidam com pais solteiros,
filhos adotivos ou casais do mesmo sexo.
As meninas
não são incentivadas a brincar com cozinhas de brinquedo, e blocos de madeira
ou Lego não são considerados brinquedos apenas para meninos. E quando os
meninos se machucam, os professores são instruídos a tratar-lhes da mesma
maneira que tratariam as meninas. Todo mundo pode brincar com bonecas, na sua
maioria anatomicamente corretas - algumas também são negras.
A Suécia é
tão famosa por sua mentalidade igualitária quanto por suas almôndegas ou pelos
móveis da loja Ikea. Mas esta pré-escola financiada com o dinheiro dos
contribuintes, chamada de Nicolaigarden, é talvez um dos exemplos mais
interessantes dos esforços do país em apagar as fronteiras de gênero e,
teoricamente, consolidar oportunidades tanto para homens quanto para mulheres.
O que as
crianças aprendem, disse Malin Engleson, que trabalha em uma galeria de arte,
enquanto buscava sua filha Hanna de 15 meses de idade na escola, "mostra
que as meninas choram, mas os meninos também."
"É por
isso que escolhemos essa escola", disse ela. "É muito importante ter
essa educação desde cedo".
O modelo foi
tão bem sucedido que há dois anos atrás três de seus professores abriram uma
outra unidade, que agora tem quase 40 crianças matriculadas. Essa escola foi
nomeada de Egalia, para sugerir igualdade, e fica localizada em um projeto
habitacional criado nos anos 1960 no bairro de Sodermalm.
Apesar de
algumas críticas, muitos enxergam os esforços como algo peculiarmente nórdico,
e admirável.
"Eu
acredito que esta é uma postura bastante sueca, o que é ótimo", disse
Camilla Flodin, 29, natural de Londres, que vive em Estocolmo já fazem 2 anos e
meio. A irmã de seu namorado se irrita, se sua filha recebe um presente que é
excessivamente feminino.
Peter
Rudberg, 36, um anestesista, cujo filho de três anos de idade, Hjalmar,
frequenta o jardim de infância, chamou a abordagem neutra em relação ao gênero de
"uma bênção", embora, como muitos suecos, ele acredita que o país já
ultrapassou o problema. "Na Suécia de hoje, a igualdade de gênero não é um
problema", disse. No entanto, ele advertiu contra atitudes extremas, como
"proibir meninos de brincarem de jogos de meninos."
Na
prefeitura de Estocolmo, o governo de coalizão moderado-conservador apoia
plenamente a política de gênero.
"O
importante é que as crianças, independentemente de seu sexo, recebam as mesmas
oportunidades, é uma questão de liberdade", disse Lotta Edholm,
vice-prefeito responsável pelas escolas.
Por outro
lado, disse ela, os pais sempre desempenham um papel maior no desenvolvimento
das crianças que sua creche ou escola.
À medida que
o Natal se aproxima, os suecos estão se preparando para a festa de Lúcia, que
ocorre no dia 13 de dezembro, quando as crianças marcham acompanhando as
procissões de Santa Lucia, tradicionalmente retratada por uma jovem adolescente
vestindo roupas brancas e usando uma coroa de velas acesas.
Será que um
menino poderia fazer o papel de Lucia?
Na verdade,
disse Edholm, nos últimos anos, em uma cidade no subúrbio de Estocolmo, um
adolescente fez um teste para o papel, mas foi recusado.Evidentemente, disse
ela, as mulheres na Suécia moderna conseguem interpretar papeis masculinos com
mais facilidade do que o contrário.
"O
interessante é que não existe problema uma menina ser Papai Noel", disse
ela. "Mas um menino ser Lucia é um problema."
Notícia copiada do site: Último Segundo IG