Essa
é uma história de alguém que não foi famoso, mas foi rico o
suficiente para acumular brinquedos. E só podemos desfrutar desse
conto, porque os bons espíritos assim nos contam.
Houve
na Inglaterra vitoriana um senhor, já idoso, chamado John que era
muito rico e tinha a mania de acumular brinquedos. Ele tinha uma sala
grande cheia de prateleiras com os mais diversos brinquedos que nossa
humilde imaginação talvez não possa imaginar. Ele não constituiu
família, pois seu curioso hobby
jamais permitiria isso; seja pelo fato de ter filhos e eles
estragarem seus brinquedos, seja por sua esposa achar uma esquisitice
total e perda de dinheiro.
A
origem dessa mania estava do fato de John ter sido uma criança muito
pobre e embora trabalhasse como limpador de chaminés, seu dinheiro
era usado pelos pais para sustentar a casa com seus 8 filhos. Essa
criança olhou por muito tempo, durante toda a sua triste infância,
as vitrines das lojas cheias de brinquedos sem nunca poder sequer ter
um único soldadinho ou qualquer coisa que parecesse um brinquedo e
não os brinquedos de madeira que seu pai porcamente esculpia para
seus oito filhos.
O
menino cresceu e prosperou durante a revolução industrial inglesa e
descobriu que poderia ter todos os brinquedos do mundo! Pra que
família? Ele tinha tido 8 irmãos insuportáveis e 2 pais
irresponsáveis! Mas ele poderia ter os brinquedos que nunca teve na
sua triste e amarga infância.
E,
assim, até sua velhice ele comprou e criou uma sala particular, esta
cheia dos mais variados brinquedos. Bonecas? Ele tinha também
tinha!
Por quê, não? Eram dele. A infância fora amarga demais, nem mesmo
suas pobres irmãs tiveram a chance de ter tais brinquedos.
Até
que um dia, John, já velho, ficou doente e para sua surpresa durante
a estadia no hospital sonhou com a irmã mais amada e que
infelizmente morreu aos 20 anos, vítima de tuberculose.
A
irmã chegou e sentou na sua cama e acariciando seu rosto perguntou
como ele estava e ele disse:
-
Estou me recuperando, mas me preocupo com meus brinquedos!
A
irmã interpelou:
-
Little John, porque guardas tantos brinquedos? Eu entendo que tivemos
uma infância difícil; mas se quiser vir comigo, algum dia, deverá
se livrar deles e de toda a mágoa que guardou das pessoas que aqui
viveram.
E
como ela era iluminada, não era por
causa dos traços nórdicos, – tão comuns entre os ingleses - mas
pela aura branca que a cercava – um anjo!
Little
John então chorou e numa última frase ela se despediu:
-
Chegou a hora de crescer, little John.
No
amanhecer do dia seguinte, John já estava recuperado, era Novembro e
estava perto do Natal. A melhor época para comprar brinquedos!
John
em um mês ficou pensando sobre o sonho com a irmã. Fora tão real…
como se ela tivesse estado lá.
Dezembro
chegou e com muita dificuldade John, chorando, decidiu que iria doar
seus
brinquedos. Ele se vestiu de papai Noel uma semana antes do Natal e
doou todos os brinquedos que tinha para crianças pobres que viviam
na periferia da grande Londres. A infância que ele não teve; os
brinquedos que não o deixaram ter uma vida adulta normal, ele os deu
para que aquelas crianças que os ganhassem não se tornassem um
adulto frustrado como ele se tornou.
E
foi na véspera de Natal que ele sonhou com a irmã. Estavam montando
uma linda e gigantesca árvore de Natal cujos enfeites eram os
brinquedos que ele tinha, tanto guardou e por fim doou. Ele então
perguntou:
-
Pra que isso?
E
ela respondeu:
-
A árvore representa a vida – disse ela colocando mais um brinquedo
na árvore – e cada brinquedo que você doou gerou uma boa ação.
E
ela lhe deu a estrela que ele achando que era para colocar no topo da
árvore, perguntou:
-
Mas como é que eu vou subir? Essa
árvore é alta demais!
E
ela lhe respondeu com um sorriso:
-
Não precisa... você já subiu!
E
foi na véspera de Natal que little John ganhou
o melhor presente de todos: o descanso de tanto sofrimento nesta
terra. Na noite de Natal ele desencarnou, mas a história chegou até
nós para nos lembrarmos da importância do desapego, em não
buscarmos a vingança como
forma de justiça e
mudarmos o mundo para o melhor que nunca tivemos.
Paz
na terra aos homens de boa vontade! E
a você: um feliz Natal e um próspero ano ano!