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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

O apego nos brinquedos (a história de little John)


Essa é uma história de alguém que não foi famoso, mas foi rico o suficiente para acumular brinquedos. E só podemos desfrutar desse conto, porque os bons espíritos assim nos contam.

Houve na Inglaterra vitoriana um senhor, já idoso, chamado John que era muito rico e tinha a mania de acumular brinquedos. Ele tinha uma sala grande cheia de prateleiras com os mais diversos brinquedos que nossa humilde imaginação talvez não possa imaginar. Ele não constituiu família, pois seu curioso hobby jamais permitiria isso; seja pelo fato de ter filhos e eles estragarem seus brinquedos, seja por sua esposa achar uma esquisitice total e perda de dinheiro.

A origem dessa mania estava do fato de John ter sido uma criança muito pobre e embora trabalhasse como limpador de chaminés, seu dinheiro era usado pelos pais para sustentar a casa com seus 8 filhos. Essa criança olhou por muito tempo, durante toda a sua triste infância, as vitrines das lojas cheias de brinquedos sem nunca poder sequer ter um único soldadinho ou qualquer coisa que parecesse um brinquedo e não os brinquedos de madeira que seu pai porcamente esculpia para seus oito filhos.

O menino cresceu e prosperou durante a revolução industrial inglesa e descobriu que poderia ter todos os brinquedos do mundo! Pra que família? Ele tinha tido 8 irmãos insuportáveis e 2 pais irresponsáveis! Mas ele poderia ter os brinquedos que nunca teve na sua triste e amarga infância.

E, assim, até sua velhice ele comprou e criou uma sala particular, esta cheia dos mais variados brinquedos. Bonecas? Ele tinha também tinha! Por quê, não? Eram dele. A infância fora amarga demais, nem mesmo suas pobres irmãs tiveram a chance de ter tais brinquedos.

Até que um dia, John, já velho, ficou doente e para sua surpresa durante a estadia no hospital sonhou com a irmã mais amada e que infelizmente morreu aos 20 anos, vítima de tuberculose.

A irmã chegou e sentou na sua cama e acariciando seu rosto perguntou como ele estava e ele disse:

- Estou me recuperando, mas me preocupo com meus brinquedos!

A irmã interpelou:

- Little John, porque guardas tantos brinquedos? Eu entendo que tivemos uma infância difícil; mas se quiser vir comigo, algum dia, deverá se livrar deles e de toda a mágoa que guardou das pessoas que aqui viveram.

E como ela era iluminada, não era por causa dos traços nórdicos, – tão comuns entre os ingleses - mas pela aura branca que a cercava – um anjo!

Little John então chorou e numa última frase ela se despediu:

- Chegou a hora de crescer, little John.

No amanhecer do dia seguinte, John já estava recuperado, era Novembro e estava perto do Natal. A melhor época para comprar brinquedos!

John em um mês ficou pensando sobre o sonho com a irmã. Fora tão real… como se ela tivesse estado lá.

Dezembro chegou e com muita dificuldade John, chorando, decidiu que iria doar seus brinquedos. Ele se vestiu de papai Noel uma semana antes do Natal e doou todos os brinquedos que tinha para crianças pobres que viviam na periferia da grande Londres. A infância que ele não teve; os brinquedos que não o deixaram ter uma vida adulta normal, ele os deu para que aquelas crianças que os ganhassem não se tornassem um adulto frustrado como ele se tornou.

E foi na véspera de Natal que ele sonhou com a irmã. Estavam montando uma linda e gigantesca árvore de Natal cujos enfeites eram os brinquedos que ele tinha, tanto guardou e por fim doou. Ele então perguntou:

- Pra que isso?

E ela respondeu:

- A árvore representa a vida – disse ela colocando mais um brinquedo na árvore – e cada brinquedo que você doou gerou uma boa ação.

E ela lhe deu a estrela que ele achando que era para colocar no topo da árvore, perguntou:

- Mas como é que eu vou subir? Essa árvore é alta demais!

E ela lhe respondeu com um sorriso:

- Não precisa... você já subiu!

E foi na véspera de Natal que little John ganhou o melhor presente de todos: o descanso de tanto sofrimento nesta terra. Na noite de Natal ele desencarnou, mas a história chegou até nós para nos lembrarmos da importância do desapego, em não buscarmos a vingança como forma de justiça e mudarmos o mundo para o melhor que nunca tivemos.

Paz na terra aos homens de boa vontade! E a você: um feliz Natal e um próspero ano ano!