Os quatro reis são as figuras humanas mais importantes no baralho
espanhol, assim como nas cartas o homem detém o poder máximo na cultura humana.
Na imagem: Os quatro reis do baralho de bisca desenhado
por Heraclio Fournier.
Na genética existe uma coisa chamada haplogrupos que nada mais
são do que pequenos pedaços que fazem parte do cromossoma que faz parte do DNA.
Acontece que existem dois grupos de haplogrupos: o haplogrupo do cromossoma Y que é da linhagem masculina herdado de pai pra
filho e o haplogrupo mt (mitocondrial) que é herdado de mãe para filha. Os meninos herdam o
haplogrupo Y, já as meninas o haplogrupos mt.
Tá mas o que que isso
tem a ver, porra?
Vivemos numa sociedade em que só se herda o sobrenome
masculino e geneticamente as meninas não herdam o haplogrupos Y!
Tá, e o que tu
sugeres?
Deveríamos viver numa sociedade em que as meninas herdariam
por último o sobrenome materno ao invés do paterno, assim teríamos uma
igualdade de sobrenomes. Os meninos herdariam normalmente o sobrenome paterno
sempre por último.
Exemplo:
Pedro e Joana são filhos de João Pinheiro da Silva e de Maria Oliveira Ribeiro.
Então Pedro será
chamado Pedro Ribeiro da Silva e
Joana será Joana da Silva Ribeiro.
Ou seja: Joana levará o sobrenome das mulheres de sua
família e passará ele para suas filhas e Pedro levará o sobrenome de seus
ancestrais homens e passará para seus filhos.
Mas não vai dar
confusão isso?
Sim, pode dar confusão; mas será ético e correto
cientificamente e acabará de vez com o machismo dos sobrenomes, onde ambos irmãos
de sexos diferentes herdam sempre o sobrenome masculino. Outra problemática
está na mulher aderir o sobrenome do marido, ela nem sequer tem genética do
marido e o conceito ético (justiça) nem existe nesse caso, já que a mulher não
é propriedade do marido, mas apenas sua esposa.
O patriarcado e os
sobrenomes
A história de só se herdar o sobrenome masculino surgiu da
ideia de que o homem era superior a mulher e líder familiar, assim sempre as
crianças herdariam o nome de seus ancestrais homens, já que a mulher era uma figura inferior no sistema de castas.
O machismo ainda predomina e sua origem está ligada a
linhagem mamífera e se intensificou durante a época do homem das cavernas (onde
era o homem que caçava e alimentava sua família, enquanto a mulher cuidava de
seus filhos na caverna).
O conceito de
sobrenome também está errado!
Já se perguntou como surgiram os sobrenomes? Os sobrenomes
deveriam dizer a respeito sobre nossas raízes genéticas, mas na época em que
foram criados (durante e depois da Idade Média) não havia o conhecimento
genético e nem se dava atenção a isso. Em vez disso se dava atenção ao tipo de
casta, família ou lugar que a pessoa tinha.
Então se havia um povo que vivia perto dum rio: todo aquele
povo seria chamado de Ribeiro, se tinha um povo que vivia numa floresta então
estes seriam chamados de Silva (selva, floresta em latim), se tinha um povo que
cultivava de forma um tanto independente oliveiras (algo muito comum em
Portugal o cultivo de oliveiras) então estes chamados de Oliveira.
Já se houvesse um povo que trabalhava para um senhorio
feudal que cultivava oliveiras então esse povo seria chamado De Oliveiras.
Notou o D em maiúsculo? Existe uma diferente em De Oliveiras e Oliveira.
Já no sobrenome Silva e Da Silva o problema é na escrita
apenas, pois ambos remetem a ideia de alguém que veio da floresta, contudo Da
Silva poderia dar a ideia de que esse povo era de lenhadores e Silva apenas
camponeses que vivem de forma autônoma; mas é incerto dizer.
Os sobrenomes têm
várias origens: ou falam do lugar
onde o ancestral da pessoa veio (De Ávila, por exemplo, que remete a cidade
espanhola de Ávila), ou do que ele fazia (profissão, por
exemplo: o sobrenome Ferreira já diz que a profissão do ancestral era ferreiro)
ou para qual senhorio feudal ele
trabalhava (De Oliveira por exemplo).
Sobrenomes
anglo-saxões já são um pouco diferentes:
Na cultura anglo-saxã já temos sobrenomes que falam das
características físicas (genéticas) como White (pessoa clara), Black (pessoa de
cabelos pretos, pessoas negras ainda não tinham sobrenome), Green (que pode
remeter a pessoas de olhos verdes), Tallman (homem alto) e por aí vai.
O sobrenome e o
patriarcado
Seja como for, quem parecia ser digno do sobrenome eram os
homens; já que as mulheres ficavam no serviço doméstico, cuidando dos filhos,
arrumando a casa, lavando a roupa, tirando leite da vaca, fazendo queijo,
fazendo comida e cuidando do lar. Os homens é que trabalhavam por fora, era um
período pós-medieval, onde a escrita já passava para mãos de burgueses e se
criava as primeiras leis escritas e de acesso público.
Existe machismo
mesmo?
Embora quem tenha adquirido o sobrenome foram pais de
família que trabalhavam duro para manter seu lar e por isso levaram estes
sobrenomes que tiveram origem geralmente na profissão que exerciam; a mulher
era quem cuidava da casa, dos filhos e tinha papel importante também, mesmo
assim foi marginalizada.
Marxismo cultural?
A ideia de igualdade vai além de Karl Marx. Eis um ditado
antigo: “Na morte se acaba a riqueza, a desigualdade e a arrogância; pois no
final todos morrem e apodrecem”.
Antes de Karl Marx
surgir havia o iluminismo e
antes do iluminismo outro movimento já havia: o humanismo.
Com o humanismo acabou-se o feudalismo e surgiu a burguesia,
com o humanismo a escravidão humana teria seu fim, com o humanismo seria
questionado o sistema de leis e viria o iluminismo.
Não dá pra negar da importância que o movimento socialista
teve ao mundo: direitos trabalhistas, na conquista dos direitos das mulheres e até
mesmo aos direitos LGBTs; mas o humanismo já estava aí bem antes do socialismo.
O socialismo não é apenas cultural, ele é econômico, o que
já é um problema e quando vemos o homem acaba escravo do estado.
O sistema atual capitalista que temos é uma mistura de
humanismo-socialista com capitalismo, já que o capitalismo nu e cru remeteria a
ideia do anarquismo que nada mais é do que um feudalismo disfarçado. Aliás, o
feudalismo não morreu, ele se adaptou em burguesia e burocracia. Já o socialismo
nu e cru é uma escravidão coletiva de base utópica a julgar que todos são
iguais, sendo que a natureza nos mostra o contrário.
Os ovo sapiens
Não estou sendo feminista, pois o feminismo é tão tosco
quanto o machismo. Acontece que temos que ver o grande papel que a mulher tem
na sociedade e não ignorar. Nem preciso argumentar o quanto errôneo
cientificamente e socialmente é o machismo. O homem não é superior à mulher,
pois se fosse nem teríamos precisado de mães, não é?
Em meio a tanta primitividade alguns machos acham que ter
duas bolas pra fora é digno de nobreza e a mãe ainda continua sendo a puta que pariu.